Por Gisela Kassoy
Qualquer pessoa que já tentou inovar deve ter ouvido alguma frase
assassina, daquelas que destroem uma ideia ou opinião. "Não vai dar
certo" é sem dúvida a mais célebre, mas um sonoro "Você está louco?", se
não é a pergunta mais frequente, está entre as mais destruidoras.
Porque as pessoas tendem a rejeitar coisas novas? Segundo os
neurocientistas, todos os seres humanos possuem o chamado "cérebro
reptiliano". Igualzinho aos répteis e demais seres irracionais, diante
do desconhecido, ataca ou foge.
Raramente alguém ataca ou foge de uma ideia tal qual os animais, mas
aquele risinho complacente não seria uma forma de ataque? E quando
alguém diz algo do tipo "Aqui essas coisas não funcionam", ou aponta
rapidamente os riscos da ideia, como se eles não pudessem ser
contornados, não está atacando?
Há também formas humanas e razoavelmente elaboradas de fugir de uma
inovação: vai desde um "Depois a gente conversa" até um "Vamos focar nas
prioridades". Quem nunca ouviu algo assim?
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| Meio vazio ou meio cheio? (Imagem: Thinkstock) |
Ainda bem que o cérebro humano não é apenas reptiliano. Além
do mais, evoluímos: não há mais lugar para o destrutivismo pessimista.
"Não vai dar certo", sem boas justificativas, hoje em dia pega mal.
Também não é mais aceitável culpar outras pessoas ou situações, com
frases como "A chefia não vai aceitar" ou "O mercado não está
preparado". Afinal, somos responsáveis pela disseminação e implementação
de nossas ideias, independentemente das circunstâncias.
"Fica difícil", ou "É complicado" nem pensar: a má vontade fica estampada
Infelizmente, há versões mais sutis e sofisticadas de se podar novas
ideias, como o terrível "Esta é a única alternativa". Ora, se só há uma
alternativa é por que as outras ainda não foram criadas, o que não
significa que elas não possam vir a existir. "Das duas uma" ainda é
melhorzinho, mas não seria melhor abrir a mente para mais de duas
possibilidades?
"Estou certo ou estou errado?" também é uma expressão que inibe o
raciocínio: a maioria dos fatos é complexa demais para alguém estar
totalmente certo ou errado.
"Você não entendeu" é cruel: pode significar que quem emitiu esta
frase considera que está tão certo que a pessoa, ao entendê-lo, só
poderá concordar.
Finalmente, há a pior de todas, talvez a mais traiçoeira: é a tal da
"É igual a..." e suas variantes do tipo "Já foi tentado". Ora, o que foi
tentado – e não funcionou antes – justamente por causa disso pode
funcionar depois! Além do mais, identificar uma ideia com outra anterior
pode impedir a pessoa de ver a sutil diferença que fará toda a
diferença.
Fique atento às frases assassinas. Perceba e corrija sua tendência a
fugir ou atacar. Ela é normal, mas pode ser evitada. E não se deixe
levar pela fuga ou ataque de outros. Suas ideias merecem consideração.
Gisela Kassoy – é especialista em Criatividade,
Inovação, Adoção de Mudanças e Programas de Ideias. Atua com
consultoria, seminários, palestras e facilitação de grupos de ideias.
Realizou trabalhos em quase todo o país e nos EUA, Europa e América
Latina. Site: www.giselakassoy.com.br

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